O número de cidadãos endividados no Brasil fechou 2023 com nova máxima histórica, como revelou recentemente a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Segundo a educadora financeira, Aline Soaper, em março e abril, 78,3% dos brasileiros estavam endividados, e 29,4% estavam inadimplentes. “A população está enfrentando dificuldade de sair da inadimplência em função dos juros elevados, que pioram as despesas financeiras”, comenta.
Soaper explica que se o valor for usado para pagar dívidas, as prioridades devem ser, por exemplo: conta de luz e água atrasadas, parcelas vencidas do condomínio, mensalidades atrasadas da escola dos filhos e demais contas básicas. Todas essas entram na lista de prioridades. Segundo a educadora financeira, em seguida vêm as contas de consumo, que estão acumuladas no cartão de crédito, que têm os juros muito altos, e o cheque especial. Por último, se sobrar algum valor, vem o planejamento para fazer uma reserva de emergência ou investir.
Em 2023, cerca de 6 milhões estavam investindo em algum tipo de ativo na B3, Bolsa de Valores do Brasil. Para o especialista em investimentos Renan Diego, as pessoas estão buscando entender mais sobre os investimentos, mas ainda possuem muitas dúvidas. “Para quem ainda não sabe como investir, usar o dinheiro da restituição é uma boa alternativa para começar, mesmo que seja pouca quantia.”
No ano passado, um levantamento revelou que 2 em cada 3 brasileiros iriam usar o dinheiro da restituição para quitar dívidas. Os dados da fintech de recuperação de crédito Acordo Certo, ligada ao Grupo Boa Vista, mostraram que pagar as contas da casa era prioridade para 31% dos entrevistados, e aplicar em investimentos, era a alternativa para 19% dos que receberam restituição.
“O dinheiro da restituição pode ser usado para quitar dívidas específicas, adiantar alguma parcela ou para abater valores de alguma despesa que está consumindo a renda mensal. Com os juros elevados, quem tem dívidas, e não dá prioridade por pagá-las, acaba entrando em uma bola de neve. Se o contribuinte estiver sem dívidas, dá também para usar esses valores recebidos como uma reserva de emergência, que é um dinheiro que você vai guardar para bancar as despesas mensais fixas por um certo período de tempo”, diz Diego.
O especialista indica investimentos com a restituição do Imposto de Renda para quem não tem dívidas a pagar: “comece pelo Tesouro Selic ou pelo CDB (Certificado de Depósito Bancário) com liquidez diária, que são aqueles que você pode resgatar a qualquer momento. Isso porque, alguns bancos têm opções de rentabilidade de até 200% do CDB, se você investir por meio de uma corretora de investimentos”, afirma.
“Esse tipo de investimento possui, além da liquidez diária, diferentes tipos de liquidez, de acordo com o seu objetivo, sem contar que é muito mais rentável que a poupança. Para quem já tem uma reserva financeira, eu recomendo ir para a Bolsa de Valores, que é onde você vai conseguir multiplicar o seu dinheiro da restituição, começando por dois ativos diferentes para deixar a sua carteira de investimentos mais atrativa”, completa Diego.
Investimentos isentosA isenção do Imposto de Renda sobre algumas aplicações é um grande atrativo para muitos investidores. Com a temporada de entrega da declaração em aberto, é importante que os investidores saibam quais aplicações são livres de tributação.
De acordo com o especialista em investimentos e finanças pessoais Renan Diego, esses investimentos atraem pessoas de diferentes perfis por conta da maximização dos ganhos, já que elas não perdem nada do valor investido. “A possibilidade de diversificar o seu portfólio e apostar em ativos com diferentes riscos sem se preocupar com tributos, faz com que pessoas com todo tipo de renda possam aderir a esses investimentos”, esclarece o profissional.
Para os investidores que esperam ter retornos significativos, os títulos isentos de IR podem ser uma alternativa para manter a rentabilidade da carteira acima de 1% ao mês. Entre as sugestões do educador financeiro, estão: Letras de Crédito Imobiliário (LCI); Letras de Crédito do Agronegócio (LCA); Debêntures Incentivadas; Certificado de Recebível imobiliário (CRI); Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA); e Rendimentos de Fundos Imobiliários (FII).
Mas, segundo o especialista, engana-se quem pensa que a isenção é o único benefício desses ativos. “No caso das LCI, por exemplo, há também a cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que garante o valor investido no caso de a instituição financeira “quebrar”, para os LCIs e LCAs. Já os fundos imobiliários, apesar de não ter a garantia do FGC, por se tratar de renda variável, exigem baixo custo para iniciar a operação, além de ser um investimento que te paga uma renda todos os meses”, completa.
Mesmo sem tributação, Renan Diego alerta sobre a importância de declarar todos os investimentos no IR e é preciso estar atento às particularidades de cada aplicação. “Há informações diversas sobre as aplicações financeiras que precisam ser informadas em fichas distintas do programa”, pondera.